CPLP: FAO quer ajuda de Portugal e Brasil para segurança alimentar África lusófona e Timor-Leste
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A Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) pediu a Portugal e Brasil para que participem directamente no apoio à segurança alimentar na África lusófona e Timor-Leste.
A iniciativa foi ontem proposta em Lisboa pelo director-geral da FAO, Jacques Diouf, numa reunião com o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Luís Fonseca.
"Esperamos que, com o apoio do secretariado da CPLP e dos países que têm mais recursos, não só financeiros, mas também humanos e técnicos - Portugal e Brasil - seja possível termos uma cooperação trilateral entre CPLP, FAO e cada um destes países a favor dos países africanos da CPLP e Timor-Leste", afirmou à imprensa Jacques Diouf, à saída da reunião.
"Queremos aumentar e reforçar a cooperação na África lusófona e já temos muitos projectos, o problema é que se fazem com recursos e com assistência técnica que vêm de fora da CPLP", adiantou o director-geral da agência das Nações Unidas para combate à fome e promoção da segurança alimentar.
O Projecto de Cooperação Técnica, assinado em 2006, contempla um investimento da FAO na ordem de 257 mil dólares (186.000 euros) para projectos nos estados-membros da CPLP.
Luís Fonseca, da CPLP, frisou que "é possível desenvolver muito mais" a cooperação com a FAO no espaço lusófono, em particular através do "aproveitamento das potencialidades existentes nos nossos próprios países, particularmente Brasil e Portugal".
Em perspectiva, para já, está uma extensão da declaração de intenções entre a FAO e os governos brasileiro, angolano, cabo-verdiano e moçambicano para colaboração em projectos, com base na experiência brasileira do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Outros projectos em análise são a formação e capacitação dos estados membros da CPLP na área do micro-financiamento agrário e promoção de políticas agrárias, programas e projectos de investimento e de cooperação técnica na agricultura, silvicultura e pecuária.
Para Luís Fonseca, ainda não são visíveis os resultados da cooperação entre a CPLP e a FAO, mas a base está criada.
"O balanço [da cooperação] é modesto porque não tem havido suficientes recursos para cooperação multilateral no âmbito da CPLP com a participação da FAO", afirmou.
Com a assinatura de um acordo técnico no ano passado, que será em breve sujeito a uma avaliação numa reunião em Cabo Verde, ficam abertas "novas perspectivas de cooperação", defendeu o secretário-executivo da CPLP.
Em perspectiva está ainda a abertura de uma delegação da FAO em Lisboa, defendida pela CPLP e pelo governo português, mas, segundo Jacques Diouf, "há que discutir as condições de realização".